In(existente) – a vida pelo seu olhar (2019), de Stéphanie Ferreira Nunes de Nascimento
Por Gabriela Pelegrineti
O curta-metragem In(existente) – a vida pelo seu olhar, dirigido por Stéphanie Ferreira Nunes de Nascimento, apresenta um compilado de informações sobre o BigBang e a vida no planeta Terra, incitando, desde já, alguns questionamentos. “A probabilidade de você nascer é 1 em 400 trilhões. Você é praticamente um milagre. Mas, para que tudo isso?”
Após essa curta introdução, com essas reflexões já na mente do espectador, o filme se foca principalmente nos depoimentos de quatro jovens na faixa dos 20 anos, um professor de 60 anos e dois idosos, sobre três temas centrais: vida, propósito e morte.
A escolha de temas é ideal para intensificar os pensamentos reflexivos no espectador. Apresentando a descrição de dicionários para cada um dos termos e, logo depois, os depoimentos dos entrevistados, o curta utiliza uma abordagem que evidencia a divergência entre as definições diretas e a prática do que cada uma das palavras realmente significa para cada um. Esses, talvez, sejam os questionamentos mais universais existentes. Em algum momento, todos os indivíduos pensantes ponderam sobre eles. Por isso, de forma alguma poderiam ser explicados por uma ou duas frases.
Além disso, desde as primeiras falas, as diferenças entre as visões de mundo são gritantes, principalmente entre aqueles de gerações diferentes. Por isso, a ideia de trabalhar com indivíduos de idades tão divergentes traz uma perspectiva extremamente interessante. Enquanto os mais novos, em geral, parecem estar mais inseguros e hesitantes sobre suas respostas, os mais velhos se mostram mais convictos.
Porém, mesmo entre os entrevistados de idades semelhantes, as opiniões divergem muito. Tal questão é essencial para entender o motivo de filmes como esse terem seu valor. No cerne da vida humana estão as diferenças, entre elas as crenças de todos os tipos. E é esta a trama central do curta de Stéphanie Ferreira Nunes de Nascimento. A vida pelo seu olhar remete tanto à individualidade de cada depoimento, quanto ao ponto de vista que esses vão instigar naquele que está assistindo.