In(existente) – a vida pelo seu olhar (2019), de Stéphanie Ferreira Nunes de Nascimento
Por João Pedro Henrique da Silva
A estrutura básica na escrita de um roteiro audiovisual é a ideia dos três atos para se ter um equilíbrio narrativo. Não entrando em discussão na quebra dessa estrutura em outras obras, a roteirista e diretora Stéphanie Ferreira Nunes do Nascimento faz uma analogia com a coisa mais comum no ser humano, a vida, enquanto demonstra com perfeição a sua habilidade de relacionar a vida humana e a estrutura narrativa na realização de seu curta; vida, propósito e morte.
Stéphanie traz um caráter documental de experimentação com diversas pessoas de pensamentos contrastantes, mas com uma singela conexão entre todas: o amor à vida. Em (In)existente, há vários questionamentos que todos um dia já pensaram: “Qual o sentido da vida?”, “Qual meu propósito aqui?” Essas dúvidas fazem com que cada ser humano tenha uma visão específica acerca da vida, seja em quesitos de religião, gostos pessoais ou medos, porém sempre com a única certeza sobre a nossa existência: a de que a morte é inevitável.
“Como a morte te afeta?” é outra indagação que a diretora faz sob o olhar de quem, simplesmente não tem resposta e isso demonstra o único paralelo entre todos que residem neste planeta Terra. O poema de Drummond citado na obra exemplifica este caráter passageiro que todos irão ter na “viagem” por este mundo: continuará a nascer gente, continuará a chover, a primavera irá florescer novamente, tudo passa e você não tem motivos para não fazer aquilo que lhe tem vontade. “Carpe Diem”.
(In)existente – a vida pelo seu olhar é uma obra sensível, íntima e, ao mesmo tempo, gigante na sua essência de questionar e mesmo assim não achar uma verdade absoluta. Não saber de tudo é o maior prazer de estar vivo. Seria muito mais fácil se tudo o que você quisesse fazer com a sua vida fosse, que nem a garotinha no final do curta fala, “ajudar o mundo”.