Endless Love (2020), de Duda Gambogi
Por Cecília Itaborahy
Endless Love traz consigo algo tradicional da cidade do Rio de Janeiro: o karaokê. Para além disso, mostra a música que perpassa as artes e é o ponto em comum entre gerações, momentos e lugares: ela é a única coisa que mantém durante todo o filme. A linha entre a ficção e o documental é tênue e, ao mesmo tempo, espontânea. Os personagens trazem consigo memórias e vivências que são expostas durante o curta, e, em alguns momentos, elas aparecem grandiosas.
Esse cenário é construído em cima de pessoas que, apesar das diferentes funções, têm a música presente no cotidiano, que é apresentada de diversos modos – dança, sussurro ou memória. O ponto de encontro no dia e a presença em sua totalidade são, então, o karaokê. E, ao se manifestarem nesses “palcos”, a transformação de personalidades é instantânea. O karaokê se mostra como uma metamorfose do assobio ao canto, da lembrança ao ato, da dança à performance e a busca pela liberdade, presentes em cada um de uma forma. O filme registra os percursos dessas transformações e quem são os rostos por trás disso.