Um tanto de um copo
Juiz de Fora – MG, Digital, colorido, 2021, 11 min
Na simplicidade de uma mulher semi-analfabeta, “um tanto de um copo” surge como medida nas receitas escritas e documentadas por Francisca. A busca pelos seus rastros, ganha forma através da memória de seu filho.
Direção, Roteiro e Produção: Mariana Martins
Montagem: Ariel Cristian Rezende
Pesquisa: Júlia Gama
Direção de fotografia: Leonardo Venancio Coelho
Concepção sonora: Leonardo Venancio Coelho
Elenco: Jorge Martins
Poder exibir um filme no Festival Primeiro Plano, foi muito gratificante; que se potencializou com o Prêmio Incentivo. A iniciativa de premiar cineastas locais com uma lista que envolve verba e recursos, por si só, já é motivo de mobilização e orgulho de toda uma cidade – sobretudo, no momento político de desmonte generalizado da arte e da cultura do Brasil. E na prática, poder ter a segurança de investigar nossas próprias poéticas, linguagens e descobertas, surge como uma experiência única. E no meio de uma pandemia, a cabeça parece pesar: o mundo externo extrapola o sentir; e a sensação é de desamparo, anestesia e desesperança.
“Um tanto de um copo” surgiu em um momento entre lutos, na tentativa de me proteger do mundo e olhar pra mim mesma: minha história, minhas faltas e principalmente, ressignificar o que fica. É um curta que partiu de uma carta-ensaio que eu realizei para a minha Vó Chica, a primeira avó que perdi e que, apesar de passados 24 anos, parece ter encontrado sua própria suspensão no espaço tempo, pela memória fragmentada. Imagens de arquivo, fotografias e o relato do meu pai, foram organizados de maneira a ilustrar a falta de exatidão, material e documental de uma memória tão presente, apesar de não linear. Um tanto de um copo brinca com esses múltiplos ruídos. Feito com uma equipe reduzida, veio no tempo que quis e se adaptou ao que a realidade atual demandou. E veio como um encontro da Mariana de 30 anos com a Mariana de 6, ainda tentando assimilar o luto, em um momento de tantas perdas.
ASSISTA AQUI
