Apresentação

Vivemos a 15a Edição do Primeiro Plano como seu fosse a primeira, longe do calejamento que viria dos anos de experiência, continuamos crianças tentando produzir algo em que acreditamos. Temos que aprender a cada ano as novas regras dos jogos, nos adaptarmos ao tabuleiro em que tentamos não ser os peões de uma política social e cultural que nos provoca para um estado de inércia. São tantas condições adversas que passamos anualmente, que já estamos com amnésia das dificuldades de realizar um festival, e continuamos… sempre aprendendo e esquecendo, talvez porque o que importa mesmo é viver essa semana. Presenciar os rostos dos(as) realizadores(as) vendo seus filmes numa tela grande, o título em um papel, uma foto em um catálogo, ou falando sobre seus filmes, é o que fica em nossa memória e o que nos empenha para a realização de uma nova edição.

Para nós, o Primeiro Plano deixou de ser somente um evento cultural, tornou-se político. Praticamos política ao ir contra aqueles que tentam nos impedir de fazer o que acreditamos, quando nos comprometemos em tentar ao máximo atender a um ideal de democratização na seleção dos filmes, em expandir cada vez mais o debate para fora das fronteiras de um purismo do cinema, dos sujeitos e das nações. Ser Mercocidades é um compromisso com o agora, tempos de sermos múltiplos, sermos transnacionais, transterritoriais, transexuais, de termos transcinemas.
Não somos nós que forçamos isso, é o que podemos ver nos filmes em suas formas e em seus temas. Grita-se isso em cada plano da Mostra Regional, da Mostra Mercocidades e dos longas. Vemos um cinema que berra por tolerância, por uma vontade de existir que extrapola as barreiras do conservadorismo das linguagens, dos gêneros, da materialidade fílmica, dos corpos que habitam os universos mais obscuros. Nossa programação é política pela sua diversidade de olhares. Nosso público não vai ser dogmatizado, vai ver as veias do pensamento, será afetado, verá cinema. E fará cinema com nossas Oficinas e o desvendará nos debates com os(as) realizadores(as).

Teremos uma semana imprevisível, o que nos aguarda é o que ainda não sabemos, portanto, não foi ainda visto, é a presença viva de um novo que se construirá com o público, com a cidade; a vivência de um evento que se forma com a própria comunidade
Em tempos estranhos, que venha uma semana que fique como imagem, que nos marque como uma experiência, que nos dê um afeto!
A todos(as), desejamos um festival gritante!

A Equipe