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Encontro discute políticas para acessibilidade no audiovisual

Aconteceu na manhã de hoje, às 10h, no plenário da Câmara de Vereadores de Juiz de Fora, o Encontro Sobre Produção em Cinema com Acessibilidade Comunicacional. O evento reúne um debate com o público e atuantes na defesa da acessibilidade na cidade e a exibição do curta “Móbile Haikai”, de Lilian Werneck, patrocinado pela Lei Municipal Murilo Mendes de Incentivo a Cultura e o primeiro da cidade a ser exibido por meio de audiodescrição e legendagem descritiva.

Aleques Eiterer, Diretor Geral do Festival Primeiro Plano, abriu o evento falando sobre a importância da discussão acerca da acessibilidade no audiovisual e parabenizando a produção do filme. “É de extrema importância levantar essa discussão e inclui-la na pauta do Primeiro Plano com a exibição do curta”, acrescentou.

Evento discute políticas públicas e novos rumos para obras acessíveis

Aparecida Pereira Leite, cega em decorrência de um glaucoma congênito e consultora em audiodescrição, contou que atua na área desde 2014. “Só somos motivados a ir ao cinema quando ele é adaptado às nossas necessidades e ainda são muito poucas as produções direcionadas para o nosso público. É preciso ampliar esse acesso e possibilitar que todos os filmes cheguem até nós”. Em seguida, ela exibiu o curta “A Cega vai ao Cinema”, de Sara Bentes, que, em uma tela preta, apresenta uma faixa de áudio que demostra o que ouve e como se sente uma pessoa cega ao ir a uma exibição audiovisual sem acessibilidade.

A diretora do filme, Lilian Werneck, iniciou sua fala por meio de sua audiodescrição pessoal, contou um pouco sobre sua trajetória no audiovisual e a experiência de gravar o curta e possibilitar sua acessibilidade. O filme narra o romance entre Maria Clara (Léa Nogueira), uma deficiente auditiva, e Olívia (Carú Rezende) uma pessoa com deficiência visual.

“É muito gratificante ver que a discussão sobre a acessibilidade no cinema esteja crescendo e atingindo o cenário nacional com a regulamentação estabelecida pela Ancine”, acrescentou. Trata-se da Instrução Normativa 128/2016, que regulamenta o provimento de recursos de acessibilidade visual e auditiva nos segmentos de distribuição e exibição cinematográfica.

Após a exibição, Patrícia Almeida, especialista em audiodescrição e organizadora das sessões acessíveis no Festival Primeiro Plano, destacou a presença de 8 pessoas com deficiência visual e 7 pessoas com deficiência auditiva e abriu o espaço para a debate com o público.
Aparecida Leite seguiu informando os presentes sobre uma carta assinada pela Ancine e entregue durante o III Encontro Internacional de Audiodescrição, realizado em Recife durante o mês de abril de 2017, que, segundo ela, “reforça o compromisso que a Ancine tem demonstrado ter com a acessibilidade cinematográfica”. Ela acrescentou que é necessário que as políticas públicas evoluam para o momento em que será possível acessar toda a programação televisiva e cinematográfica por meio da modalidade fechada individual. Este recurso consiste na faixa audiodescritiva disponibilizada para fones, diferente da exibição feita hoje, que é a modalidade aberta, exibida em áudio projetado para todos os presentes.

A programação do Primeiro Plano 2017 conta, ainda, com mais duas Sessões Lanterninha acessíveis, realizadas sempre às 15h, na quinta e sexta, dias 26 e 27 de outubro. A primeira delas, realizada na quinta-feira, reúne seis curtas, totalizando 59 minutos. Na sessão de sexta-feira será exibido o longa “Elis”, de Hugo Prata. As sessões são gratuitas e os ingressos podem ser retirados no stand do Festival, localizado no hall de entrada do Cinema Alameda.