Realizadores se reúnem para Debate de Curtas

Da esquerda para a direita: Carol Correia, Julia Roliz, Mari Oliveira, Renata Dorea, Rafaella Pereira de Lima, Jáder Barreto Lima, Hassan Shahateet, Elena Sassi e Gerardo Quezada Richards

Da esquerda para a direita: Carol Correia, Julia Roliz, Mari Oliveira, Renata Dorea, Rafaella Pereira de Lima, Jáder Barreto Lima, Hassan Shahateet, Elena Sassi e Gerardo Quezada Richards

Já é tradição no Primeiro Plano: no dia seguinte à exibição dos filmes, os realizadores se reúnem no Anfiteatro João Carriço, na sede da Funalfa, para participar do Debate dos Curtas. Hoje não foi diferente. Abrindo os debates de 2016, diretores, atrizes e produtores participaram do encontro, que teve início às 14h30.

Esta é uma oportunidade que os convidados e espectadores têm de conversar sobre o processo de produção, filmagem e montagem de seus filmes. Dificuldades e caminhos apontados costumam ser semelhantes, já que se trata de um festival feito por profissionais estreantes.

Além dos realizadores dos curtas, o encontro de hoje também contou com a presença das atrizes Julia Roliz e Mari Oliveira, protagonistas do longa metragem “Mate-me Por Favor”, de Anita Rocha da Silveira, que estreiou ontem no Festival.

Sobre suas experiênscias de filmagem, Julia destacou que o processo de gravação foi corrido, realizado em apenas cinco semanas, precedido de um extenso trabalho de produção e trabalho de elenco que se estendeu por seis meses. “Nós éramos muito novas e viemos do teatro. Muito da nossa encenação teve que ser lapidada para se adaptar ao cinema”, explicou ela. Mari Oliveira acrescentou que Anita teve teve muito cuidado ao escolher as atrizes. “Ela não queria nenhuma atriz famosa ou conhecida. Por isso escolheu a gente ainda no início da carreira e foi durante o filme que começamos a criar nossa linguagem artística pessoal”, contou.

Mercocidades

Carol Correia, diretora de “Maria”, também marcou presença no evento. Seu filme traz a história de uma personagem fictícia inspirada em Severina Branca, ex-prostituta e poetisa repentista do município de São José do Egito, em Pernambuco, famoso pelos seus inúmero poetas. “Maria é baseada em Severina, mas carrega as vozes de muitos outros poetas dessa cidade”, acrescenta.

Representando o filme “O Chá do General”, Hassan Shahateet, que assina a direção de fotografia do curta, contou um pouco sobre a sua experiência de filmagem analógica em 35mm. “Eu tive que convencer o diretor e dar a ele suporte e confiança o bastante para que ele apostasse na filmagem em película”, brinca. Ele acrescenta que o trabalho foi meticuloso, principalmente nas cenas internas por conta da necessidade de tratamento de cor.

“As Três” foi realizado para o trabalho de conclusão de curso da diretora Elena Sassi, que também assina o roteiro da trama. “O filme foi realizado em uma época conturbada, mas eu sabia que queria contar a história de três amigas de infância. Falar sobre uma amizade que não existe mais, mas que existiu de forma intensa em algum momento”. Para a filmagem, Elena tinha pensado em realizar muito mais cenas externas. “O meu roteiro teve que ser adaptado às chuvas de Porto Alegre”, explicou.

Quem também enfrentou dificuldades com a locação escolhida foi o chileno Gerardo Quezada Richards, diretor de “Sereia”. “Poderíamos ter filmado em uma piscina, mas optamos por duas praias chilenas para conferir mais veracidade à narrativa. Dessa forma, lidar com as mudanças climáticas foi inevitável”, disse. O curta conta a história de uma antiga lenda chilena sobre uma pescadora enfeitiçada por uma “shumpale”.

Regional

Dos curtas exibidos no Programa 1 da Mostra Competitiva Regional, apenas dois estiveram representados no debate. Renata Dorea é diretora, roteirista, produtora e editora do documentário “Afrodites”, que aborda o tema da transição capilar na vida de jovens mulheres negras. “Eu tive que cortar muita coisa para não invadir a intimidade das meninas, como a pressão exercida pela TV e pela família. Muitos acham que é só pelo cabelo, mas a transição é também uma questão de consciência e resistência afro”, explicou.

Outro filme representado foi “De Quando Em Vez”, dos diretores Jáder Barreto Lima e Rafaella Pereira de Lima. Ambientado na cidade mineira de Visconde do Rio Branco, o filme traz a história de Jhonny Black, músico e compositor autodidata. “Encontramos um recorte para mostrar um pouco da rotina e do processo criativo do Zé”, explicou Jáder, acrescentando que o filme não tem o objetivo de ser uma biografia do personagem. “Adaptamos os nossos dias e a gravação em si à rotina de Jhonny e às suas necessidades”, acrescentou Rafaella. O curta conquistou os prêmios de Melhor Montagem, Direção, Roteiro, Júri Popular e Júri Técnico no 4º Festival Ver e Fazer Filmes, de Cataguases.

Os debates seguem até sábado, sempre às 14h30, no Anfiteatro João Carriço, na sede da Funalfa (Av. Barão do Rio Branco, 2.234 – Centro). Os filmes analisados a cada dia correspondem ao programa exibido no Festival Primeiro Plano no dia anterior. A entrada é gratuita.