Debate reúne realizadores no Anfiteatro João Carriço
Ao longo da semana em que acontece o Primeiro Plano, o Anfiteatro João Carriço, localizado no centro da cidade, recebe os realizadores dos filmes do dia anterior para um debate. O encontro acontece sempre às 14h e é mediado pela mestranda Cris Magalhães.
Na tarde de hoje, nove realizadores das mostras Regional e Mercocidades se reuniram para contar um pouco sobre suas atividades à frente da produção audiovisual e trocar com os demais e com o público experiência e curiosidades.
Mostra Regional
“Filé”, de Natália Reis, foi feito com o incentivo do prêmio BDMG e sua primeira exibição aconteceu no Festival Primeiro Plano. Ela contou que a música “Maria Madalena” já era parte do filme desde a concepção do roteiro. “A cena ficou tão lindo que eu não consegui cortar. Para mim era impossível cortá-la de forma nenhuma”, explicou.
“Maria Cachoeira”, de Pedro Carcereri, apresentado na Mostra Regional, foi concebido para ser feito com atores e foi pessoal a decisão de torná-lo um filme de não-atores. “Eu acredito que todo novo filme tem que trazer com ele um novo desafio. Não vale a pena fazer um filme só por fazer”, afirma. Ele emendou que a atitude corajosa trouxe um resultado positivo: “as pessoas da cidade se sentiram incluídas e puderam conhecer o cinema mais de perto”. Ao todo, 40 pessoas apareceram para o teste de atores realizado na cidade de Torreões, interior de Minas Gerais.
“Parcialmente nublado”, de Gabriel Souza e de Ivan Santaella conta a história de um menino que fica sem energia elétrica. Para Gabriel, “o filme fala de ameaças anunciadas, mas que nunca chegam”. Ivan relatou que o filme foi concebido como um drama, mas acabou virando uma comédia.
Mostra Mercocidades
Vinicius Silva, diretor de “Deus”, contou que o filme é o seu projeto de conclusão de curso e a ideia para fazê-lo partiu das mulheres de sua família, que sempre foram muito fortes. O curta mostra uma semana na vida de uma mulher negra. “A minha família é negra, mas não lida muito bem com a sua negritude. O meu filme mudou um pouco esse rumo e a realidade para eles”, contou.
Outro curta que trata da questão racial é “Pele suja minha carne”, de Bruno Ribeiro. Ele contou que a motivação para seu filme também partiu da observação de sua estrutura familiar “A minha família sofreu um processo de embranquecimento, de estar em espaços majoritariamente frenquentados por brancos. O personagem João passa por isso: ele frequenta espaços brancos, mas seu corpo é negro. O racismo é mais velado, mas ele está presente”, contou.
O realizador Eduardo Reis também esteve presente. Ele é ilustrador e diretor da animação “Solito”, e conta que a ideia surgiu da vontade de descobrir a razão de todo morador de rua ter um cachorro. “Desde o início eu queria fazer uma animação e queria fazê-la no papel”, contou. Ele relatou um pouco as dificuldades de fazer uma animação e da coragem que a equipe teve de apostar nessa ideia.
“A melhor fase da vida” fala da adolescência e de suas peculiaridades. “Minha ideia era fazer um filme sobre uma adolescência contemporânea com representações de diferentes sexualidades”, afirma o diretor Rodrigo Lavorato. Ele acrescenta que outra preocupação durante a fase de concepção foi trabalhar e estudar diferentes linguagens possíveis. “Tratamos a cenas de nudez de uma forma natural. Não faz sentido filmar a nudez não-sexualizada e querer esconder tudo na montagem”, explicou.
O curta “Retratos para você” é o resultado de um intercâmbio estudantil para a China feito pelo diretor Pedro Nishi. O objetivo do curso é a realização de um curta sobr aspectos da cultura chinesa. “O filme foi guiado pelas relações que eu estabeleci ali, com os afetos que apareceram ao longo dessa experiência”, relatou.
O último debate desta edição do Primeiro Plano acontece amanhã, às 14h, e é aberto para todo o público. O Anfiteatro João Carriço fica na sede da Funalfa (Av. Barão do Rio Branco, 2.234 – Centro, no Parque Halfeld).