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Texto equipe

A vida tomada de improviso.

O cine-olho se lança sobre quaisquer corpos, vidas, objetos e espaços. O cinema torna visível qualquer coisa. O filtro quem coloca é aquele que segura a câmera, quem a dirige, é quem assume a responsabilidade de estabelecer os limites do quadro. Há poucos representantes desse poder para re-apresentar os diversos sujeitos que somos. O que resta a ele é unificar, homogeneizar, seguir uma tradição que não se sabe de onde veio. Se dizemos “ele”, é porque a linguagem escrita também assim o faz.  Por isso retomamos Vertov, que destituiu a tradição cinematográfica a favor da imagem de qualquer-um o homem e a mulher comum, em um dia comum de trabalho.  Tirou do cinema o glamour e aqueles que se fizeram famosos com ele. O cinema de alguns poucos tornou-se o de uma pessoa qualquer cuja câmera se voltou para o mundo.

Hoje essa câmera retoma o artificio, aponta para as vidas que querem esconder, para os corpos intrusos que abalam os padrões, para as falas sem medidas. Entendemos que não somos objetos mas os sujeitos das imagens, nós a criamos, a produzimos, contamos nós mesmos nossas próprias histórias, com isso, somos donos da nossa própria imagem. Não precisamos que nós deem a voz, pois ela já se faz ouvir sem permissão. É, em espaços como o que construímos no Primeiro Plano, que os filmes invadem e tornam visíveis os diversos tipos de mundos que existem. O festival não é apenas uma janela de exibição de curtas, mas um espaço de discussão, de encontros, de se deixar perder para ser levado pelas imagens.

Em sua 18a edição, o Primeiro Plano teve um recorde de inscrições nas mostras competitivas Mercocidades e Regional, um marco para história do festival que parece validar sua importância na cidade de Juiz de Fora e seu alcance na América do Sul. Exibiremos longas que seguem o fluxo temático e formal dos filmes das mostras competitivas.  Assim como na Mostra Audiovisual, com filmes de veteranos do cinema em Juiz de Fora. Aqui, continua se respirando luta. O festival abraçou as imagens de filmes urgentes por entender que seu papel é mais do que exibir, é promover e incentivar a realização de cinema. Por isso, em todas as edições nos preocupamos com a capacitação profissional por meio das oficinas gratuitas. Esse ano oferecemos quatro oficinas: Cinema e Educação, Efeitos visuais para cinema, Diálogo no audiovisual, Atores para cinema. Além dessas, trouxemos novamente a Oficina Querô para jovens da Escola Estadual Governador Juscelino Kubitschek. A formação do público infantil para o formato de curta-metragem continua sendo umas das nossas ações. Por isso, trazemos até o cinema crianças de escolas públicas de Juiz de Fora para assistir à Sessão Lanterninha. Quebrando os limites que o cinema impõe às pessoas com deficiência visual e sonora, realizaremos duas sessões acessíveis por meio da audiodescrição e da legendagem descritiva.

Em mais um ano que não guardou surpresas para o que enfrentaríamos, damos visibilidade àquilo que não querem ver e nem pronunciar. Podem mudar os nomes, mas nunca apagar sua história. Pela cultura, pelo cinema acessível e democrático e realizado por todos, abrimos mais uma edição do Primeiro Plano. Cada vez mais fortes e esperançosos, compreendemos que nossa jornada está só no início.