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Oficina Querô leva experiência cinematográfica para escola do Santa Luzia

Alunos da escola JK durante filmagem do minimetragem

Estela, 14 anos, jovem negra, estudante de uma escola pública. Ela sofre bullying na escola. Uma tristeza sem fim a invade e a garota entra em depressão. A reação dela é a mesma de muitos de nossos jovens: sozinha, na vida e na escola, começa a se cortar.

Essa foi a narrativa que os alunos da Escola Estadual Governador Juscelino Kubitscheck, no bairro Santa Luzia, escolheram para gravar como produto final da Oficina Querô. Resultado de três encontros realizados dentro da programação do Festival Primeiro Plano 2017, a oficina trabalhou a sensibilização, elaboração de roteiro e filmagem de um minimetragem com jovens que possuem pouco ou nenhum contato com produções audiovisuais.

Lúcio Reis Filho é professor de história na Escola JK e foi ele o responsável por levar para lá o minicurso. “A ideia surgiu de forma espontânea por conta do grande interesse que alguns de nossos alunos demonstraram em relação à produção cinematográfica”, conta. Desde o início do anos, ele desenvolve o projeto Cinema na Escola, feito em parceria com a professora de português Ana Costa .

A experiência Querô

Ministrada por Antoniela Lorenço e Camila Amaral, a oficina gratuita promove uma possibilidade de inserção no mercado de trabalho por meio da produção audiovisual para alunos da rede pública. Fundada em Santos, a iniciativa hoje visita municípios do Brasil inteiro, desenvolvendo roteiros e discutindo formatos.

Na fase de sensibilização foi definido, por escolha da turma, que a depressão seria o tema abordado e o fio condutor das histórias. A turma foi dividida em quatro grupos e cada um desenvolveu sua própria narrativa. Racismo, bullying, abuso de drogas e feminismo foram temas levantados nas tramas.

De acordo com Antoniela, na segunda fase foi preciso trabalhar a criação de histórias e a adaptação de redações, gênero narrativo com o qual estão acostumados, para o cinema. “Muitos assuntos debatidos são importantes, mas tendem para a tragédia. Por meio de um jogo de roteiro tentamos mostrar que a história contada pode apresentar uma solução para seus problemas pessoais de forma mais leve e relevante”, acrescentou.

Após o fechamento dos roteiros e a apresentação, uma história foi  selecionada através de votação da turma e da equipe para a gravação da fase final. A filmagem aconteceu hoje, nas dependências da escola. A edição do material será feito pelas monitoras e futuramente postado no canal da oficina. Além disso, o filme também será exibido na cerimônia de encerramento do Festival, que acontece no sábado, dia 28 de outubro, às 20h, no Cinemais Alameda.

As oficineiras

Camila ensinando a direção e operação de câmera

Antoniela atua há 3 anos no Instituto e avalia a importância de inciativas como essa pelo efeito positivo que provocam na autoestima dos envolvidos. “O audiovisual é um tipo de trabalho muito distante da realidade deles, além de ser uma formação geralmente cara. A Oficina Querô mostra pra esses jovens que eles são capazes de realizar filmes em todas as suas fases e que este universo não está tão distante assim”, explica ela.

Camila hoje é arteducadora, mas sua trajetória começou como aluna quando tinha 15 anos de idade. Ela conta que foi lá que descobriu a carreira que gostaria de seguir. “Eu dizia que não queria ser nada, porque não gostava de rotina e de horário marcado. A Querô foi a minha solução”, brinca ela. Ela acrescenta que, apesar da dinâmica apressada da oficina, a energia vem da necessidade de não decepcionar os alunos e e sempre apresentar um video finalizado para eles. “O trabalho nasce de muita entrega, tanto a nossa como a da galera que faz a oficina. Acredito que é isso o que nos move”.

Pequenos realizadores

Thiago operando o som do filme

Um dos alunos mais envolvidos no projeto é Thiago Nascimento. Ele tem 14 anos e teve nesta oficina o seu primeiro contato com o universo audiovisual. Ele é o responsável pela captação de som na equipe formada para a gravação do minimetragem. “Eu não gosto de atuar porque tenho vergonha, mas gostei da ideia de cuidar do som. Gostei muito das professoras também porque são carinhosas conosco e dialogam naturalmente”, explica.

A relação afetuosa é nítida entre as professoras e os alunos. O retorno de um trabalho tão dedicado também fica bastante visível para quem quiser ver. Em um dos momentos mais sinceros, Thiago fala para Antoniela: “Quem sabe um dia a gente não trabalha juntos?”. O Primeiro Plano torce para que trabalhem, Thiago, e o Festival estará sempre de braços abertos para lhes receber”